Público relacionado: Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), Laboratórios de Microbiologia, Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs), Coordenações estaduais/distrital e municipais de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar, Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde e Vigilância Sanitária de estados, Distrito Federal e municípios.
Identificação do caso: Notificação à Anvisa de possível primeiro caso positivo de Candida auris (C. auris) no Brasil. O fungo foi identificado em amostra de ponta de cateter de paciente internado em UTI adulto em hospital do estado da Bahia, sendo confirmado pela técnica Maldi-Tof no Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz – LACEN/BA e no Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP.
Problema: Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública considerando que:
• apresenta resistência a vários medicamentos antifúngicos comumente utilizados para tratar infecções por Candida. Algumas cepas de C. auris são resistentes a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas);
• pode causar infecção em corrente sanguínea e outras infecções invasivas, podendo ser fatal, principalmente em pacientes com comorbidades;
• a identificação desse fungo requer métodos laboratoriais específicos uma vez que a C. auris pode ser facilmente confundida com outras espécies de leveduras, tais como Candida haemulonii e Saccharomyces cerevisiae;
• pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, entre os quais, os que são à base de quartenário de amônio.
• propensão em causar surtos em decorrência da dificuldade de identificação oportuna pelos métodos laboratoriais rotineiros e de sua eliminação do ambiente contaminado.
Ação: Reforçar a vigilância laboratorial da C. auris em todos os serviços de saúde do país, reforçar as medidas gerais de prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) e, em caso de suspeita ou confirmação de C. auris, adotar imediatamente as medidas de prevenção e controle previstas no COMUNICADO DE RISCO Nº 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA – Relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina – 14.03.2017 (https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/comunicados-de-risco-1/comunicado-de-risco-no-01-2017-gvims-ggtes-anvisa-1/view). A atualização deste Comunicado de risco, contemplando a nova situação epidemiológica do país e as novas evidências científicas disponível, será publicada em breve pela Anvisa e deverá ser consultada.
Histórico: Em outubro de 2016, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) publicou um alerta epidemiológico em função dos relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina, recomendando aos Estados-membros a adoção de medidas de prevenção e controle de surtos decorrentes deste patógeno.
Em 14 de março de 2017, a Anvisa publicou o COMUNICADO DE RISCO Nº 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA, contendo orientações para a vigilância laboratorial, encaminhamento de isolados para laboratórios de referência e as medidas de prevenção e controle de IRAS pela C. auris. Além disso, esse
documento definiu a Rede Nacional para identificação de C. auris em serviços de saúde. Esta Rede analisa amostras suspeitas que são encaminhadas pelos estados, desde 2017, mas o primeiro possível caso positivo foi notificado à Anvisa em 07/12/2020.
A amostra foi coletada de um paciente que está internado por complicações da COVID-19, em UTI geral de um hospital do estado da Bahia. Em 04/12/2020 foi identificada cultura de ponta de cateter positiva para levedura sugestiva de C. auris. A amostra foi encaminhada pelo laboratório do hospital para o Lacen-BA que, no mesmo dia, comunicou a suspeita de caso positivo para C. auris, seguindo o fluxo previsto no Comunicado de Risco nº 01/2017. Assim, a amostra foi encaminhada para o laboratório da Rede Nacional para identificação de C. auris em serviços de saúde (Laboratório da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP) para a realização das provas confirmatórias pela técnica Maldi-Tof (Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization Time-of-Light). Em 07/12/2020 o HCFMUSP encaminhou à Anvisa o laudo com resultado positivo para C. auris. Ainda serão realizadas as análises fenotípicas (para verificar o perfil de sensibilidade e resistência) e o sequenciamento genético do microrganismo (padrão-ouro) pelo Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (LEMI–UNIFESP) que é o laboratório colaborador de referência para sequenciamento da Rede Nacional para identificação de C. auris em serviços de saúde.
Ações realizadas:
Foi organizada uma força tarefa nacional composta pela Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde – Suvisa Bahia, Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar (CECIH Bahia), Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde – CIEVS (Nacional, Bahia e Salvador), Diretoria de Vigilância Epidemiológica, representantes do Ministério da Saúde (CGLAB/SVS, CIEVS nacional), LACEN-BA e a Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS/GGTES/Anvisa).
Uma equipe da Secretaria de Estado da Saúde da Bahia e da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador visitou o hospital e averiguou que as medidas